sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Capítulo 5 [3]

Eram perguntas que lhe estavam presas na garganta. Desta vez, não tinha conseguido travá-las.


- Lembras-te quando te perguntei o que fazias antes de viver no nosso jardim?

- Sim, lembro…

- Lembras-te de me contares como gostavas da Mariana e do Afonso, e como te afastaste deles por seres “contabilista”? Eu na altura não percebi o que queria isso dizer e ainda não percebo. Nem percebo como é que uma palavra tão feia, “contabilidade” tem o poder de afastar as pessoas de quem gostamos. Mas eu percebi que tu agora já não gostavas de contabilidade e que na verdade nunca tinhas gostado. Só que na altura só pensavas em dinheiro, como os meus papás.

Laura engoliu em seco. O Diogo continuou:

- Mas eu sei que tu agora estás mudada, e que não gostas de dinheiro, mas precisas dele para viver melhor… por isso ontem, quando ouvi a minha mamã dizer que o “filho da mãe do contabilista” se tinha despedido, eu fiquei a ouvir com atenção…

Sabes, é que os meus papás têm uma loja muito grande com muitos instrumentos muito caros… e as pessoas pagam muito dinheiro para comprar os pianos, violinos, flautas e saxofones que eles vendem! Eles estão sempre lá enfiados, o meu papá sai muitas vezes para fazer uns “negócios”… às vezes apanha um avião e tudo para fazer esses “negócios”! Não sei o que isso quer dizer, mas não gosto nada.

Eu gostava muito de poder ir mais vezes para a beira da minha mamã e dos pianos… gosto muito de tocar piano! Mas ela não quer que eu mexa, diz que eu estrago e que depois as pessoas não querem comprar… por isso manda-me para casa depois da escola, e chega muito tarde!

Ela queria que eu ficasse neste quarto todas as tardes enquanto a Amélia me trazia o lanche. Mas eu não gosto nada disso... por isso digo à Amélia que vou brincar com os meus amigos para o jardim, e ela acredita-se… acho que é porque não gosta de mim. Ela diz que não se quer chatear com “putos”, e para eu ir à minha vida… Fica a limpar a casa, a fazer o jantar… tem muito trabalho aqui, porque a casa é muito grande!

Então eu chego, vou à dispensa, tiro o que houver e saio… a essa hora normalmente a Amélia está lá em cima a limpar e não me vê! Eu sei que ela já reparou que a comida desaparece rapidamente, mas não diz nada à minha mamã porque tem medo que ela a culpe…

E hoje a minha mamã e o meu papá estavam em casa quando eu cheguei… achei muito estranho, e fiquei a ouvir a conversa deles… disseram que o contabilista se tinha despedido porque tinha tido uma proposta melhor e nem avisou antes! Então estiveram aqui em casa a ligar para os amigos todos a perguntar se conheciam algum… nada.

Então, quando se foram embora outra vez eu lembrei-me de lhes falar de ti!

Um comentário:

Sol da manhã disse...

YESSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!!!

Cada vez gosto mais deste rapaz...

Definitivamente... é um rapaz do Norte, carago!

E sabe brincar à camaleão e eu não...
BUAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

hum hummrrrr
(clareando a voz e assumindo um tom grave...)

A autora de tão belíssima história que me perdoe a minha incapacidade literária para redigir comentários à altura de referida prosa. As minhas sinceras desculpas. Desde já, lhe agradeço por me estar a presentear com momentos tão saborosos. Com os melhores cumprimentos...


hum humrrrr
(clareando a voz e mundando de tom de voz!!!)

Que espectáculo Maria Inês!!!!

Um beijinho e até já...

Sim, sim... que eu hoje não posso falhar contigo! Hoje não! Tu entendes e isso basta-me... Até já!