quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Capítulo 6 [1]

Começa hoje o último capítulo da história. É grande, e só o cortei porque tinha mesmo de ser. Mas nada melhor do que esta semana para esta carta. No fundo, é um novo nascimento da nossa Laura - é o seu Natal. E a Mariana vai estar lá para festejar com ela.



Mariana:

Sinto a tua falta.

Não sabia como começar esta carta, mas acho que foi o mais verdadeiro que encontrei para te dizer, e a verdade é uma forma bonita de se começar uma carta de amor.

Carta de Amor. É o que isto pretende ser, na verdade. Uma Carta de Amor, de Perdão e de Saudade.

Talvez seja uma novidade para ti, porque as únicas saudades que um dia te mostrei foram, a cada manhã, as do escritório e dos números.

Mas eu agora estou diferente. Tão diferente que ainda me vêm as lágrimas aos olhos de cada vez que lembro as asneiras que fiz contigo. Foi pobre, muito pobre da minha parte pensar que te estava a fazer bem com a vida que levava. Tão pobre, tão pobre, que a nossa relação nunca foi bem uma relação. E nem sabes como dói.

Dói, dói muito, agora que percebo quão errada estava. Perdoas-me? Sei que não adianta nada, mas dá-me esperança receber o teu perdão. Dá-me vontade de começar de novo, não sei!

Olha, tenho tanta coisa para te contar… não sei se me ouves, ou se é verdade aquilo que as pessoas dizem, de “olhares sempre por mim, aí, no céu”. O mistério da morte ainda é isso mesmo para mim, um mistério.

Escrevo-te não com a certeza de que me vás ouvir, mas com a esperança de que a tua memória esteja ainda intacta, algures no meu coração. Se calhar escrevo para mim própria, mas prefiro pensar que ainda posso partilhar contigo aquilo que sou! Sim, aquilo que sou, porque agora sou muito diferente daquilo que era quando estavas aqui.

Cresci, sabes? E é verdade, a rua fez-me “crescer depressa demais”, mas não é desse crescimento que estou a falar. Aliás, a isso não gosto de chamar crescimento, porque crescer é outra coisa. O “crescer depressa de mais” é ganhar anti-corpos que derrotem a vida, é ficar de olhar duro, olhar tudo e todos não com olhos de quem descobre mas com olhos de quem já sabe demasiado.

Crescer não. Crescer é voltar a ser criança. Não ficar infantil, mas mais simples ao nível do coração. É ver tudo com olhos de quem vive, de quem encontra em cada um novas formas de amar. Crescer é virar a página a cada dia, é encarar o futuro, é viver com o sorriso como princípio.

Agora sim. Eu cresci. Cresci a sério, porque tornei-me criança. E como gostava que me visses agora.

Agora já não vivo a contabilidade, sou contabilista para viver. E se queres saber (mas olha que é um segredo!), escrevo-te aqui do escritório, com uma dúzia de capas para ver aqui ao meu lado.

Não me importa. És muito mais importante! Partilhar contigo é infinitamente mais importante que números e cálculos. Finalmente. Dois anos depois, partilhar contigo tornou-se mais importante. Bem, mais vale tarde que nunca!

Um comentário:

Sol da manhã disse...

Yesssssssssssss!!!!!!!!

yuuuuuuuuuuuppppppppppppppiiiiiiiiii!

Pronto, pronto...

é só uma forma de dizer que estou deliciada...

Next, puhlease!

Um beijinho muito grande!